
Tatuagem profunda e colorida, como seus olhos. Verde intenso.
Era pescador. Aposto que era.
Pelo andar compassado, tom da pele, cheiro de maresia, pés descalços ...
No ensaio da bateria, ele tocava surdo e eu escutava.
Tendo ouvidos, eu escutava o surdo batendo no ritmo do meu coração.
Tum. Tum.
Era pescador. Só podia ser. Baterista e pescador.
O destino do pescador e do mar, eu já sabia, sempre soube ... e naquele momento sentia ... na harmonia, na alegoria.
Na bateria-sinfonia ...
Num samba puxado, suava "olhos verdes", batendo com força no couro esticado.
Na evolução da bateria, foi somente ali então, que observei o outro braço. Outra tatuagem, uma reluzente Iemanjá que flutuava pelo músculo do braço.
Era Dona Janaína que segurava na sua mão que dava ritmo para o retumbar do surdo.
Sabia que se tratava de um Pescador.
"Olhos verdes" havia sido entregue por Iemanjá, conforme as sete ondas puladas no primeiro dia do ano, para me dar um sinal: era ali que começava o carnaval ...
Na bateria pulsando ... como meu coração.
Era a festa da carne, afinal!
3 comentários:
adoreii!! aproveita o pesacador baterista...
beijoo
ai, que texto maravilhosoooo!!!!!
na festa da carne, o que não se pode é sair dela ainda com fome... 1 beijo
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